O consumo de rações da Nutratta Nutrição Animal, contaminadas com alcalóides pirrolizidínicos, causou a morte de 245 cavalos em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas. O Ministério da Agricultura investiga falha no controle de matéria-prima e suspendeu a fabricação e comercialização dos produtos.
Por Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil -
Ao menos 245 cavalos morreram em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas após consumirem rações equinas contaminadas da empresa Nutratta Nutrição Animal. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) está apurando uma falha no controle das matérias-primas utilizadas pela companhia, conforme divulgado nesta segunda-feira (14), em Brasília.
Origem da Contaminação e Impacto nos Animais
As investigações do Mapa apontam que, em todas as propriedades analisadas, os equinos que adoeceram ou morreram consumiram exclusivamente produtos da Nutratta. Em contraste, animais que não ingeriram as rações da empresa permaneceram saudáveis, mesmo em ambientes compartilhados.
Análises realizadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) confirmaram a presença de alcalóides pirrolizidínicos, especificamente a monocrotalina, nas amostras das rações. Essas substâncias tóxicas, segundo o ministério, são incompatíveis com a segurança alimentar animal. A monocrotalina é gerada a partir de resíduos de plantas do gênero crotalaria, que foram encontrados no alimento destinado aos equinos.
Medidas de Fiscalização e Recurso Judicial
Carlos Goulart, secretário de Defesa Agropecuária, destacou em nota que, mesmo em doses mínimas, a monocrotalina pode causar sérios problemas neurológicos e hepáticos. Ele enfatizou que a legislação proíbe categoricamente a presença dessa substância em rações.
Diante da gravidade da situação, o Mapa instaurou um processo administrativo fiscalizatório, emitiu um auto de infração e determinou a suspensão cautelar da fabricação e comercialização de rações destinadas a equídeos da Nutratta Nutrição Animal. Posteriormente, a medida foi ampliada para rações voltadas a todas as espécies animais. Apesar da interdição, a Nutratta obteve na Justiça autorização para retomar parte da produção não destinada a equídeos. O Mapa já recorreu da decisão, apresentando novas evidências técnicas que reforçam o risco sanitário e a necessidade de manutenção das medidas preventivas. O ministério segue acompanhando a situação para garantir o recolhimento do lote contaminado.
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