Em agosto de 2021, durante expedição liderada pela FUNAI, a existência
desse povo indígena isolado foi confirmada na região do Mamoriá Grande,
no sudoeste do Amazonas

Cestos encontrados na região do Mamoriá Grande. © FUNAI
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A Survival alerta que indígenas isolados do Mamoriá Grande correm
risco de contato já que o território segue desprotegido, mesmo 3 anos
após confirmação da existência do grupo.
Cerâmica encontrada na região do Mamoriá Grande. © FUNAI
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A FUNAI de Bolsonaro ignorou solicitações para providências
urgentes tais como: assinatura da portaria de restrição de uso para
proteger a região onde o grupo de indígenas isolados vive; presença
contínua de uma equipe para coletar mais informações para fins de
reconhecimento desse povo e de suas terras; imposição de barreiras
sanitárias para evitar a propagação de doenças; e criação de uma base
para a equipe monitorar a terra.
Com o início do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva,
esperava-se que a situação urgente recebesse a devida atenção dos órgãos
responsáveis. O território, porém, segue sem uma portaria de restrição
de uso: uma medida emergencial que proíbe a entrada de invasores e
protege a terra indígena até que a demarcação seja finalizada.
No mês passado foi constituído um Grupo de Trabalho para
liderar estudos antropológicos na região, que têm como fim a demarcação
do território. Apesar da boa notícia, processos de demarcação de terras
indígenas podem levar anos - como no caso dos Kawahiva, que aguardam há
25 anos a finalização do processo - e no contexto atual do marco
temporal e seus desdobramentos, alguns processos encontram-se parados.
A diretora de pesquisa e campanhas da Survival,
Fiona Watson, disse hoje: “Estamos profundamente preocupados com a
inércia do governo atual em proteger o território dos indígenas isolados
do Mamoriá Grande. Essa é uma situação de alta vulnerabilidade. A FUNAI
precisa urgentemente assinar a portaria de restrição de uso e, assim,
cumprir com sua obrigação legal de proteger o território desse povo
indígena.”
“No contexto atual, em que a indecisão sobre o marco temporal
tem provocado uma demora ainda maior na demarcação de terras indígenas e
a violência contra indígenas e seus territórios não tem dado trégua, é
vital o uso da restrição de uso para proteger a terra e assim garantir a
sobrevivência dos isolados do Mamoriá Grande até que a demarcação do
território seja concluída.”
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Em
agosto de 2021, durante expedição liderada pela FUNAI, a existência
desse povo indígena isolado foi confirmada na região do Mamoriá Grande,
no sudoeste do Amazonas. No entanto, até hoje a terra indígena segue sem
nenhuma proteção legal, o que implica risco para a sobrevivência desse
povo.
Uma equipe de técnicos da FUNAI visitou a área entre agosto e
outubro de 2021 e encontrou evidências conclusivas da presença dos
isolados: abrigos de caça, cestos trançados, potes e arcos. Eles também
ouviram membros do grupo conversando nas proximidades.
Pouco se sabe sobre o povo, mas acredita-se que são um grupo
de várias dezenas de indígenas caçadores-coletores. O território ocupado
por esse grupo se encontra parcialmente dentro de uma Reserva
Extrativista e próximo à região do rio Purus, no sudoeste do estado do
Amazonas.
Qualquer contato com pessoas não indígenas, uma ameaça real
até que o território seja demarcado, pode ser fatal. Além do risco de um
ataque violento, qualquer encontro com estranhos pode expor esses
indígenas a doenças como a gripe e a Covid-19 – doenças às quais os
isolados não têm imunidade. . Além do risco de um ataque violento,
qualquer encontro com estranhos pode expor esses indígenas a doenças
como a gripe e a Covid-19 – doenças às quais os isolados não têm
imunidade.
Em 2022, a Survival, ao lado de organizações indígenas e indigenistas, denunciou a inércia da FUNAI, na época liderada por aliados de Bolsonaro, e destacou o risco de extermínio do grupo caso o território seguisse desprotegido.
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Survival International Brasil
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