A estiagem prolongada, aliada ao aumento dos focos de incêndio, tem causado sérios prejuízos à economia local, especialmente no setor agropecuário
O Sistema FAPERON expressa sua profunda preocupação com o impacto
devastador das queimadas na produção agrícola e pecuária em Rondônia. O
estado enfrenta uma das piores crises ambientais dos últimos anos, com
cerca de quatro meses sem chuvas significativas em vários municípios. A
estiagem prolongada, aliada ao aumento dos focos de incêndio, tem
causado sérios prejuízos à economia local, especialmente no setor
agropecuário. Além disso, a situação crítica agora afeta todos os biomas
brasileiros, evidenciando que os problemas e as consequências dos
incêndios não se restringem apenas à Amazônia. Esse cenário é ainda mais
agravado pelo fenômeno El Niño, que intensifica a seca em todo o país.
Dados recentes divulgados pela CNN Brasil revelam a gravidade da
situação em Rondônia: somente em agosto de 2024, houve um aumento de
23,7% nos focos de incêndio em comparação ao mesmo período do ano
anterior. Entre 1° de janeiro e 19 de agosto deste ano, foram
registrados 4.197 focos de incêndio nos municípios e 690 em áreas de
conservação estadual, totalizando 4.887 focos — o dobro do que foi
contabilizado em todo o ano de 2023.
A gravidade do problema é evidente não apenas nas áreas rurais, mas
também nos centros urbanos, onde terrenos abandonados e áreas públicas
sem manutenção representam uma ameaça crescente. Ao longo das rodovias
estaduais e federais, sob a responsabilidade do Departamento Estadual de
Estradas de Rodagem e Transportes (DER) e do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT), o risco é ainda mais elevado, com
focos de queimadas se espalhando pelas propriedades rurais,
impulsionados pelos ventos fortes deste período.
O Sistema FAPERON reconhece que, infelizmente, algumas queimadas têm
origem em práticas adotadas por uma minoria de posseiros de áreas rurais
que ainda recorrem ao uso do fogo como método de limpeza. Contudo,
ressaltamos que essa não é uma prática comum ou amplamente aceita entre
os agricultores de Rondônia, que em sua maioria compreendem os graves
prejuízos que essa atitude pode causar às suas propriedades. Além de
destruir pastagens e cercas, as queimadas comprometem a fertilidade do
solo e a sustentabilidade da produção a longo prazo, impactando
diretamente a viabilidade econômica e a qualidade dos recursos naturais
necessários para a continuidade das atividades agropecuárias.
Frente a esse cenário, a Federação de Agricultura e Pecuária de Rondônia
(FAPERON) e os Sindicatos de Produtores Rurais reforçam a necessidade
de uma ação coordenada entre o governo do Estado de Rondônia, órgãos
federais, instituições de controle e fiscalização e o setor produtivo. É
imperativo traçar um plano de ação eficaz, que inclua investimentos
assertivos e a definição clara das responsabilidades de cada parte, com o
objetivo de enfrentar e mitigar as causas das queimadas nos próximos 10
anos.
Para alcançar esse objetivo, é essencial que o planejamento comece já no
mês de junho de cada ano, com foco em medidas preventivas. Entre as
ações necessárias estão as campanhas de conscientização, a limpeza de
terrenos baldios e a manutenção de áreas públicas. Além disso, a limpeza
das margens das rodovias e das propriedades rurais deve ser tratada
como prioridade, a fim de evitar que o fogo se alastre.
A sociedade de Rondônia, que já sofre com as consequências das queimadas
— como a piora na qualidade do ar e os danos à saúde pública —, espera
uma resposta firme e eficaz das autoridades competentes. Nosso
compromisso é com a garantia da continuidade da produção agropecuária,
essencial para a segurança alimentar da população e para a economia do
Estado de Rondônia.
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